29 março 2007

Rastilho de pólvora



Guarde esse nome: José Gomes Temporão, ministro da Saúde.

Ontem, no Rio de Janeiro, o ministro da Saúde defendeu a legalização do aborto porque, no seu entendimento (?) trata-se de uma questão de saúde pública, pois "milhares de mulheres morrem todos os anos submetendo-se a abortos inseguros", disse. O ministro também defende a idéia de que haja um plebiscito para que a população decida sobre o tema.

Dois pontos. Primeiro: o Código Penal versa, em seu artigo 128

Não se pune aborto praticado por médico:

Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é procedido de consentimento da gestante, ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Ou seja, há lei que trata sobre o tema e atende a situações extremas, em que é até razoável que o aborto seja tratado como uma opção voluntária da gestante.
Mas, o que o ministro da Saúde defende é que cada mulher (entenda-se, principalmente jovens e adolescentes) possam "corrigir" um descuido (entenda-se, o não uso de preservativo), ejetando de si a "coisa indesejada".
Quando se vê que os casos de gravidez precoce não páram de crescer, pondo por terra todo o dinheiro que o governo aplica na distribuição de preservativos em postos de saúde e em escolas, dá para entender que a idéia levantada é o último recurso de um estado amoral que olha para seus cidadãos como meros números.
E o que fazer das mulheres que morrem em salas clandestinas, praticando aborto?
Respondo com outra pergunta: quem são essas mulheres? São adúlteras que se apressam em apagar as marcas do amante? São jovens que esqueceram a "pílula do dia seguinte" e não querem parar de curtir o(s) namorado(s)? São adolescentes que cedo cederam às pressões da carne e se entregaram por uma noite de prazer?
São todas elas e outras mais.
Independente da situação, excetuando-se as que a lei penal já trata, qualquer outra é uma questão sumariamente moral.
As escolas precisam tratar a educação sexual valorizando os princípios morais muitos deles já latentes na consciência geral); por seu tempo, o governo deveria condicionar as concessões públicas de tv e rádio a que as emissoras pautassem sua grade programacional na não incitação à imoralidade, na não erotização de crianças e adolescentes, mas que se voltassem, acima de tudo, para a família. A própria mídia, também, bem que poderia ter essa iniciativa.
(A Rede Record, infelizmemte, dá um tiro no pé quando se esmera em parecer "global" e querer avacalhar mais ainda).

Outro ponto: um plebiscito, além das questões logísticas, é um risco e uma injustiça. Não será barato fazer campanhas a favor e contra o aborto, e não há certeza de que a grande massa irá deixar falar o que lhe resta da imagem de Deus. A injustiça reside no fato de que o maior interessado da questão - o bêbê - não será ouvido.

A pólvora foi acesa. Firme seus valores, entenda a situação e procure defender os princípios morais que o bom Deus propôs para a vida aqui, espiando para a de Lá.

Até sempre!

Leo.

20 março 2007

A violência comum



Dias atrás dois jovens médicos cearenses foram assassinados por um oficial da Polícia Militar do Ceará.
Motivo: um deles vertia água próximo ao carro do policial - e bala! O outro reagiu à cena - e bala!
Nas entrelinhas, houve a incitação por parte da companheira do policial.

A vida segue sendo tirada de muitos brasileiros país afora, adentro e bem ali, em Iguatu.

Ainda sob a sombra da cruel morte do "Menino do Rio", ouvimos, assistimos e lemos a mídia pormenorizar assassinatos e a própria violência, e isso não apenas nos programas que tratam a violência como tema principal. No horário nobre, no Jornal Nacional, lá está a violência estampada e divulgada e enojada.

A exposição contínua só desperta o senso de que a violência é "normal", "acontece". A mídia tem atuado contra a busca por meios eficazes que possam clarear os horizontes e definir um rumo para as vítimas e os executores da violência. Estamos na banalização e na discussão de temas menores como a redução da maioridade penal.

Na contramão do bom senso, parte influente da mídia considera corajosas e dignas de elogios as declarações do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Em entrevista, o governador fluminense disse claramente ser a favor da redução da maioridade penal, da legalização do aborto, da legalização das drogas.
Governador do (provavelmente) mais complicado estado do Brasil, Cabral dá vários tiros no pé, enquanto mais de 700 pessoas já foram assassinadas (veja: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u133039.shtml) no Rio de Janeiro só este ano.

Desconsiderando a questão moral, tudo se perde. E nenhuma atitude será eficiente no combate à violência. Muitos dos que se indignam e se chocam com os atos dantescos dos vilões sociais são os mesmos que adulteram, vivem promiscuamente, mentem para se dar bem e, até mesmo, furam a fila para pagar as contas. A crise moral está por todo o tecido social, contaminando cada gesto oculto e tornando incapazes de julgar adequadamente os que se inflamam quando as balas matam.

Estamos sitiados: a mídia desinforma, aterroriza, vulgariza o mal; o estado tem idéias amorais; os vilões cospem fogo; balas perdidas matam qualquer um; o mundo jaz no maligno.
Que papel tem a igreja cristã neste cenário conturbado, onde a própria polícia, que deveria ser guardiã, possui em seus quadros tantos vilões?

Que o bom Deus olhe para nós.

Até sempre...

Leo.


08 março 2007

Comerciando a Palavra de Deus


E depois da Bíblia Teen, para o público adolescente/juvenil; da Bíblia da Mulher, vem aí a Bíblia de Estudo de Batalha Espiritual e Vitória Financeira.

Aproveitando a atual fase (e a perda da identidade que a segue) por que passa a igreja visível do Brasil, os midiáticos líderes cristãos evangélicos do momento defendem temas de somenos importância e que terminam por tornar rasas as riquezas contidas na Palavra de Deus.
O apelo inerente do homem (meu e seu) por independência e por sucesso nas praias do lado de cá vem sendo sistematicamente explorado por denominações de ponta que estão à frente deste evangelho da marcha à ré. Puxaram o freio de mão. Ao invés do genuíno alimento espiritual estão engodando as massas numa fantasia de final incerto.
Por que não tratam de temas como a renúncia de si mesmo, o desapego material, a construção de relacionamentos duradouros? Porque não vende.
Estão fazendo mercado aberto da fé.
São músicas, são livros e agora reformularam a Palavra de Deus para agradar aos leitores, afastando-os do Deus bíblico.
Fiquem de olho e liguem os fios... A hora vem, e não tarda!

Feliz cada novo dia...

leo

05 março 2007

Por trás dos Nomes Parte II - A Experiência de Jacó

“...deu à luz Raquel um filho, cujo nascimento lhe foi a ela muito penoso. Em meio às dores do parto, disse-lhe a parteira: Não temas, pois ainda terás este filho. Ao sair-lhe a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni; mas seu pai (Jacó) lhe chamou de Benjamim”
(Gn. 35:16-18)

Ao lermos esta passagem, ficamos questionando: Por que Jacó mudou o nome de seu último filho? Uma vez que foi desejo de sua amada Raquel colocar no último suspiro da sua vida o nome do filho? Como não levar em conta o último berro de sua ovelha querida?
O que parece falta de sensibilidade, ou até mesmo puro autoritarismo, esconde a verdadeira razão da troca do nome do filho mais novo. Senão, vejamos, as pessoas na época de Jacó tinham o costume de colocar o nome dos filhos de acordo com um sentido relevante; por exemplo, o nome do irmão gêmeo de Jacó era Esaú, que quer dizer cabeludo, pois havia nascido peludo. Quando Jacó soube do nome que sua querida Raquel tinha dado ao filho, de imediato pensou no trauma que poderia ser este nome para seu filho. Trauma? Por quê?
Jacó passou durante toda sua vida sofrendo com o seu próprio nome. "Jacó", no hebraico, significa "suplantador", "enganador". Ele deve ter se recordado dos acontecimentos que o marcaram por causa do seu nome, observe a lista de acontecimentos:

a) Ao nascer, saiu segurando o calcanhar do irmão, daí deram-lhe o nome de Jacó. (Gn.25:26)

b) Aproveitou-se da fraqueza do irmão para lhe comprar a primogenitura. (Gn.25:27-34)

c) Ajudado pela mãe, enganou seu pai, fazendo-se passar por Esaú para obter a benção. (Gn.27:1-34)

d) Roubou a benção que era do irmão. (Gn.27:35)

e) Seu irmão disse que fazia sentido lhe chamarem de ‘enganador’. (Jacó) (Gn.27:36)

f) Seu irmão passou a odiá-lo, e queria matá-lo. (Gn.27:41)

g) Teve que sair de casa. (Gn.27:42-43)

h) Jacó ficou longos anos ausente da mãe. (Gn.27:42-45)

i) Seu tio, Labão, o enganou, fazendo-o casar com Lia primeiramente. (Gn.29:18-30) (talvez, Labão, por ser astuto, não se permitiu ser enganado primeiro)

j) Labão o enganou de novo, mudando dez vezes o seu salário. (Gn.31:7)

k) Jacó tentou fugir escondido, por medo da reação de Labão. (Gn.31:17-31)

l) Foi enganado por Raquel. (Gn.31:32)

m) Teve medo da reação de Esaú, no encontro de reconciliação. (Gn.32:7)

n) Seus filhos enganaram os siquenitas, os filhos do enganador enganaram outros.

Ufá! Que nome pesado de se carregar, com esse nome pesando durante a vida qualquer um teria lutado com o anjo de Deus para ter a mudança do nome.
Jacó compreendia que seu nome estava fazendo uma tremenda diferença negativa; então, resolveu mudar seu nome no cartório celestial. Assim, Jacó conseguiu mudar seu nome para Israel (‘aquele que luta com Deus’, ‘que governa com Deus’) e foi abençoado (Gn.32:22-28 / 35:10), apesar de ter saído claudicante.
Por ter essa compreensão Jacó não queria que seu filho caçula sofresse tanto ou mais do que ele sofreu, pois de sofrimento para o filho bastaria a ausência da mãe. Um simples nome pode fazer uma pessoa sofrer? Certamente! Porém, o nome Benoni não é um simples nome; "Benoni", em hebraico quer dizer “filho da minha dor”, “filho da tribulação”. Raquel escolheu tal nome devido ao grande sofrimento pelo qual passou para tê-lo.
Você já pensou se Jacó não tivesse mudado o nome de seu filho? Imagine o trauma que teria a criança com um nome como este; quando alguém o chamasse, isso iria lembrá-lo que sua mãe havia morrido por sua causa. Ou então, quando Jacó fosse chamá-lo: “Venha cá, filho da minha dor, filho da tribulação”; como seria terrível.

Isso me faz lembra de uma colega de trabalho chamada Piedade, os alunos sempre brincaram com ela; cantando em coro: “Piedaaaade de nós, tem de piedaaaade de nós”. Nos últimos anos, ela me falou que queria mudar seu nome para Roberta, coisa que não é tão fácil pela lei do Brasil. Assim, são muitas pessoas, até mesma cristãs, cujo nome abalou a estrutura emocional e as traumatizaram.
Portanto, Jacó usou de bom senso ao mudar o nome de seu filho para Benjamim.
"Benjamim" quer dizer "filho da mão direita", "filho predileto", "filho da felicidade". Com um nome bem escolhido pelo pai, o garoto que se sentiu amado e querido, tornou-se em um rapaz forte e destemido, sem nenhum trauma, mesmo tendo o cuidado de todos. Jacó, simplesmente, teve o cuidado de escolher um bom nome.

Os pais devem ter muito cuidado e zelo ao colocar um nome em seus filhos, pois tais nomes pedem tornar uma tormenta para o resto da vida. Talvez, você que está lendo este artigo seja uma pessoa que viveu ou vive atormentada com o seu nome; mas não se preocupe, nós, cristãos receberemos um nome excelente vindo de Deus Pai.

Dou agora algumas sugestões que podem ser úteis para evitar danos aos filhos.

1) Evitem estrangeirismo sem sentido.
2) Evitem nomes que possam causar duplo sentido, nunca são bons;
3) Evitem nome que possa virar motivo de riso; às vezes até nome comum, dependendo da cultura, exemplo: José (Zezim), Francisco (Chiquim), etc.
4) Evitem, principalmente, os nomes que você não sabe o significado. Por exemplo, o nome Adriana que quer dizer ‘deusa das trevas’, ‘pessoa escura’; Cláudio, é 'aleijado', 'coxo', 'manco'; Cecília, é 'cega', ceguinha etc.
5) Nomes mitológicos, também desaconselho.

Que Deus oriente nossas escolhas. Amém!

A Bíblia é linda. Leia e a entenda.

PS: Não concordo com mudanças de nome das pessoas por qualquer motivo, ou vaidade, ou porque recebeu revelação, ou por ter consultado horóscopo astrologia, etc. Como acontece no meio artístico. Isso não é de Deus.

João Rocha

Correio Missionário


Dos missionários Márcio e Franci Pimentel:

Boca do Acre, 19 de Fevereiro de 2007

“Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso estamos alegres.”
Sl 126:3

Prezados companheiros desta obra,

Esperamos que esta os encontrem com o coração transbordante de alegria e satisfação no Senhor como assim nós estamos. Ele é o nosso Deus Benigno, Fiel, Misericordioso e cheio de graça, que tem feito maravilhas!!!! E é meditando nisso que escrevemos esta carta.

Já faz alguns dias que estamos de volta ao nosso “doce lar”. Fizemos uma boa viagem apesar de que Joel Natã estava com inflamação nos ouvidos, mas logo que tratado melhorou. Depois que chegamos em Boca do Acre fretamos uma Toyota traçada para nos levar até nossa casa e enfrentar a “bela” estrada de lama. Já bem perto de casa, quando passamos por um buraco, muitas de nossas coisas “voaram ao chão”… Mas sem mais aventuras chegamos bem!

Podemos afirmar que o Nosso Deus foi Fiel em todo o tempo que passamos no Nordeste. Quão grandes maravilhas Ele fez… Tivemos o privilégio de usar tempo com as nossas igrejas, visitar várias outras, visitar também muitas famílias e amigos, seminários e até outro trabalho missionário. Muitas pessoas foram desafiadas a envolverem-se com a obra do Nosso Deus. E, é claro, passeamos e nos divertimos!!!
Também aconteceram coisas tristes e lamentáveis. Nossos familiares tem enfrentado muitas lutas e precisam do Senhor. Orem por isso! Além de tudo isso meu irmão foi assassinado no início deste ano e isso nos causou muita dor, porém a mão Forte do Senhor estava presente sempre. Louvamos a Ele pela maneira como cuidou de tudo.

Nosso pequeno bebê já não é tão bebê assim. Puxa, como o tempo passou rápido!! Joel Natã já está com dois anos. Ele vai crescendo e as travessuras também. Somos gratos ao nosso Pai pela vidinha dele. Ele é tão especial para nós…!!! Orem para que ensinemos firmemente o caminho de Deus a Eles.



Regozijamos no Senhor também pela vida do Sr. Pelegrino e D. Maria Amaro. São os colegas missionários que ficaram aqui em casa durante o tempo que estivemos fora. Eles foram uma bênção. Fizeram bastante amizade, deram um bom testemunho e deixaram portas abertas para a continuação do nosso trabalho aqui. Louvem a Deus conosco por suas vidas. Eles já retornaram para sua casa e fizeram uma boa viagem.

Agora que estamos de volta há muito trabalho para ser feito. Além de muita coisa para pôr em ordem, já temos recebido várias visitas dos indígenas e amigos da redondeza. Orem para que alcancemos os nossos alvos para esse ano e, principalmente, pelo nosso aprendizado da lingua e cultura e os estudos bíblicos com os não-índios vizinhos nossos.
E para finalizar contando as bênçãos de Deus. Há tempo vínhamos orando por colegas, lembram? Pois é, o Senhor ouviu nossas orações. Alegrem-se conosco. Em maio estamos esperando nossos novos colegas chegarem! Seus nomes são Fernando e Ivanete. Eles tem uma filhinha de três anos – a Viviane. Ela será uma ótima companhia para a Helena Júlia. Já os conhecemos e até estudamos juntos durante o treinamento. Roguem ao Senhor por tudo o que envolvem a chegada deles até aqui: mudança, viagem, suprimento, adaptação, etc.

Queridos, é obedecendo por fé ao Senhor que estamos aqui para fazer esse trabalho, mas não conseguiremos sozinhos. É necessário que a igreja (vocês) empenhe-se juntamente conosco até alcançarmos o alvo! Contamos com vocês!!


No amor do Deus da Obra,

Márcio, Franci, Helena Júlia e Joel Natã.

Furo editorial




Em primeira mão, o editorial da edição 03.07 do Infobíblico:

Com toda a certeza você já gostou de ouvir, ou de cantar, frases como estas: “Em todas as coisas somos mais do que vencedores.”; “Posso todas as coisas naquele que me fortalece.”; “Maior é o que está em nós do que o que está no mundo.” E outras tantas, tiradas ou não da Bíblia, ditas e memorizadas para aqueles momentos difíceis e espinhosos. Frases de efeito que se insinuam para despertar auto-estima, pensamento positivo e triunfante.
Mas, será que era essa a idéia daquele que inspirou a Paulo e a João, enquanto escreviam suas cartas?

Ao tratar da vitória sobre todas as coisas, referidas por ele anteriormente (acusação, condenação, tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada), Paulo afirma que esta vitória é obtida por meio daquele que nos amou (Deus, em Cristo Jesus) – Romanos 8.33 a 37. A seguir, Paulo descreve outra lista (morte, vida, anjos, principados, presente, futuro, altura, profundidade, qualquer criatura) para afirmar que nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor – Romanos 8.38,39. Note que Paulo, em momento algum, dá margem a que se pense que os que estão em Cristo Jesus não possam enfrentar qualquer uma das dificuldades que ele cita. Claro, vivendo em um mundo caído, como pessoas limitadas e carentes de Deus, viver dias maus, ter dificuldades, estarmos expostos a desilusões e tristezas – enfim, aqueles momentos espinhosos – faz parte da vida aqui. E passamos por isso. O conforto vem da certeza de que nada poderá nos separar do amor de Deus. E que “os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós.” (Romanos 8.18). É falsa a idéia de que sofrer é não estar em comunhão com Deus. É falso pensar que a dor deve ser evitada (você já ouviu: “Pare de sofrer agora, Jesus tem para você toda a vitória”?). A realidade deste mundo caído, ainda que não nos agrade, é ocasião para nos achegarmos a Deus, dependentes e sem exigências, considerando os benefícios de passar pela dor. O próprio Cristo foi muito franco ao afirmar: “No mundo passais por aflições”, contudo ele mesmo se dispôs a estar conosco – “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16.33).

Em sua “carta da alegria” (embora escrevesse enquanto estava preso), Paulo atribui sua capacidade de tudo poder (enfrentar, suportar) a Jesus Cristo. Mais o que é este “tudo”? “Porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei ser humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância, como de escassez” – Filipenses 4. 11b, 12). Acontece que nos identificamos com o se dar bem e com os aspectos “positivos”, como fartura e riqueza, afinal, Deus nos constituiu por cabeça e não por cauda... Diga isso para Jó. E para Paulo, também. É por separar textos da Palavra de Deus dos seus contextos que muitos têm estado nas igrejas apenas para barganhar bênçãos, sem compromisso fortalecido. Cedo, a decepção de um mundo real e caído os visita e lá vão eles (e elas), doentes no espírito e enfraquecidas como pessoas. E a instituição igreja, que deveria acolher e edificar, termina por naufragar a vida das pessoas que deveriam ser seu alvo para levar as boas notícias do reino de Deus. Fuja das idéias triunfalistas. Elas te afastam do Deus bíblico. O “tudo posso em Cristo Jesus” não nos torna super-heróis deste mundo anormal. Mas nos embeleza a vida, na medida em que a fartura e a abundância, a fome e a escassez não nos tiram de fiarmo-nos no Deus Todo-amor que se importa com a nossa pequenez e nos conduz para além dos dias que podemos contar.

O apóstolo do amor, João, em sua primeira carta, aborda temas vitais como a justiça, o amor e o conhecimento certo (a verdade), em meio ao pensamento gnóstico que procurava seduzir a comunidade cristã a quem a carta é endereçada. Tratando a respeito dos falsos profetas (1a Carta, capítulo 4, versos 1 a 6), João encoraja aos seus leitores (a nós, também) a que tivessem certeza da sua vitória contra a doutrina herética, pois os cristãos têm a revelação da verdade. E o Espírito da verdade (conforme o evangelho de João 16.13) é maior do que o espírito que opera nos filhos da perdição. A verdade sobrepuja a mentira, aos falsos profetas. O conhecimento da verdade nos dá fortaleza e nos abençoa a vencer às vãs filosofias e às fábulas que enredam este homem pós-moderno. Mas, as palavras de João foram parar em outro contexto: o de que temos o direito às bênçãos de Deus. A graça sufocada pelo determinismo, pelo “eu quero assim e assim” e “não aceito desse e desse jeito”. Rejeite essa idéia. Saia dessa. Isso é engodo. Irá afastar você do Deus bíblico. Os méritos são de Cristo Jesus, nEle nos tornamos co-participantes das heranças celestes; é pela graça. Isso não se canta, mas é bíblico, Paulo, inspirado, disse: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo: se com ele sofrermos, para que também com ele sejamos glorificados”. Mas quem reconhece essa realidade? Prefere-se ir logo para a glória. Perceba: a glória por vir é antecipada pelos sofrimentos atuais.

É duro ter que dizer, mas ninguém, nem eu nem você, de vontade própria, gosta de abrir mão daquilo que se quer ou tem prazer em negar a si mesmo. Essa é a proposta da vida cristã: tomar a cruz. Ainda que queiram enfiar ouvido abaixo esse evangelho mastigado e um deus que mais parece o gênio da lâmpada, vale a pena dedicar tempo em ler a Bíblia, com olhos livres e mente desarmada e coração aberto. As dúvidas virão, mas tê-las não é pecado, pecado é agir baseado nelas. Não aceite o fácil, afinal o caminho é estreito. Não se canta por aí, mas em carta a Timóteo, Paulo não fez rodeios nem firulas e, inspirado, disse: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2a Carta a Timóteo, capítulo 3, verso 12). Cante isso na sua vida e não tenha medo. Não tenhamos medo e cantemos isso em nossa vida – essa vida curta. Já tem muita gente preocupada com interesses próprios, façamos diferente. Façamos a diferença. E em todas as vitórias que alcançarmos, em Cristo Jesus que nos fortalece, maior será a nossa doação para o Reino. Deus não precisa dessa doação. Nós, sim.

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Aquele abraço! /./ Leo

02 março 2007

Matéria de Jornal

Do sítio: www.diretodaredacao.com

Evangélicos Fora da Globo

A exemplo do que ocorre no Brasil, as igrejas evangélicas brasileiras crescem de maneira vertiginosa nos Estados Unidos. Para se ter uma idéia, eram apenas duas há pouco mais de quinze anos, no sul da Flórida. Hoje são quase duzentas, entre as tradicionais, pentecostais e neo-pentecostais. Não divergem muito do ponto de vista doutrinário. Suas diferenças estão no modo mais ou menos agressivo de conquistar adeptos. São dezenas de denominações, a maioria delas independentes, ou seja, não subordinadas a grupos religiosos já consolidados. E o fenômeno se espalha por todas as regiões dos EUA onde há concentração de brasileiros. Evidentemente, em primeiro lugar, esse crescimento é diretamente proporcional à grande quantidade de brasileiros que chega diariamente à terra do Tio Sam. Apesar do rigor adotado ultimamente pela Imigração americana, eles continuam chegando de toda parte e por todos os meios. A grande maioria, sem documentação legal. É nessa hora que as igrejas evangélicas exercem um papel fundamental na adaptação do imigrante, geralmente pobre e despreparado. Na igreja, ele encontra o calor humano dos conterrâneos e, principalmente, ajuda para conseguir se estabelecer e dar os primeiros passos em direção ao sonho americano. Outra razão para se entender o fenômeno desse crescimento é a facilidade de se abrir uma igreja nos EUA. Qualquer pessoa pode fazê-lo, mediante o cumprimento de poucas exigências. Claro que essa porta escancarada permite a entrada de oportunistas, que criam igrejas apenas para benefício próprio. Parece que esse não é o caso da maioria. O boom das igrejas, entretanto, aconteceu de seis anos para cá, quando a Globo passou a despejar seu sinal nos Estados Unidos. Nos intervalos comerciais do Jornal Nacional, das novelas e dos jogos de futebol, era comum a presença de pastores das mais variadas regiões dos Estados Unidos vendendo seu produto, Jesus Cristo. Todos aumentando seu rebanho. Suprema ironia. A Globo que vive torpedeando as religiões evangélicas, sobretudo aquelas que estão entrando no segmento televisivo, estava servindo de instrumento para a divulgação das idéias "subversivas" dos pentecostais. Esta semana, a luz vermelha acendeu na Superintendência Comercial e a ordem do Jardim Botânico no Rio chegou curta e grossa ao representante da emissora nos Estados Unidos. A partir de primeiro de abril, está terminantemente vedada a venda de espaços comerciais a anúncios de cunho religioso, mesmo que isso represente alguma perda de faturamento. Mas esse não é o problema, afinal o que é um tostão pra quem tem um milhão? O problema é que essas religiões estão crescendo demais e podem abalar as estruturas do império global na medida em que várias delas estão ocupando espaços consideráveis no segmento televisivo, onde a Globo manda e desmanda. E a poderosa Globo, que nunca gostou de concorrência, vai usar de todas as suas armas para derrotar os inimigos. Observando à distância, porém com grande influência, está a CNBB que se prepara para receber o Papa. Coincidentemente, ela deu à Globo a primazia na cobertura da visita. Não há como negar, estamos diante de uma guerra santa. O exército global é poderoso, mas não é imbatível.

(Eliakim Araújo)

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Até sempre...

leo